Adrião era alto, cabelo louro e olhos azuis.Era sonho de consumo de moças casadoiras. Valente e respeitado em Agro Velho.Dono de terras que se estendiam do diabrete até à divisa de Donões, passando pela serra, diabrete, fonte do sapo,leiras compridas, poula da inferna, outeiro das barcas, moinho da cancela e só terminavam na raia com Donões. E se mais não teve é porque Amaro da Purificação, morador de Donões, também grande proprietário, a isso se opôs. Aliás, ambos, Adrião Coelho e Amaro da Purificação, travaram uma luta hercúlea pela posse duma morgada casadoira. Valeu neste embate a sentença salomónica da Maria das Neves, já amante de Adrião Coelho, para resolver o conflito. Solteiro por opção,mas amantes as tinha aos montes, em segredo. Filhos, se os tinha,nem ele sabia. Era ótimo patrão.Pagava bem e sempre em dia. Abençoava criados e criadas e matava a fome aos mais necessitados. A estas horas, todos em Agro Velho o consideravam santo, título que viria mais tarde, como depois veremos. Ambicioso, a patente de regedor não o contentava e em pouco tempo o seu povo o nomeou régulo da cidade. Já de meia idade mandou construir a sua morada no alto da serra para que ficasse bem visível e o seu povo nunca mais dele se esquecesse. Ele mesmo esculpiu a sua sepultura e outras deixou esculpidas para os seus mais queridos e assim perpetuar o seu nome. E assim é até hoje. Adrião Coelho sumiu mas as sepulturas de pedra ficaram.Passados alguns anos depois da sua morte, o seu povo resolveu pedir a sua beatificação. Numa viagem a Avignon, duas virgens paridas chorando lágrimas de arrependimento ,exigiram da papisa Joana a imediata beatificação de Adrião Coelho. As virgens, amantes que tinham sido de Adrião, logo entregaram a lista de milagres atribuídas áquele que em pouco tempo seria santificado. Quando a papisa viu que Adrião tinha transformado pedras em pão,água em vinho, seixos em batatas e urtigas em alfaces, Joana não teve dúvidas e o declarou novo santo. Ainda hoje e por ter sido um bom lavrador, é considerado o padroeiro dos agricultores naquela região.
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